

Emanuel Gavina, coordenador técnico do Bilhar no Boavista Futebol Clube
O Boavista Futebol Clube viveu, na secção de bilhar, uma das épocas mais marcantes da sua história recente. Entre títulos nacionais e momentos de superação, o departamento técnico liderado por Emanuel Gavina, demonstrou não só competência desportiva, como também visão estratégica e espírito de união.
O coordenador técnico, que assumiu o projeto em circunstâncias desafiantes, revela nesta entrevista exclusiva os bastidores de um ciclo vitorioso que reposicionou o Boavista FC no topo da modalidade.
Ao longo desta conversa, Gavina fala sobre a construção de uma mentalidade vencedora, a aposta numa formação sólida e abrangente, a importância de criar laços com a comunidade Boavisteira e o desejo de ver o bilhar assumir um papel de destaque dentro do clube. A entrevista traça ainda uma visão ambiciosa para o futuro: com os olhos postos na consolidação nacional e numa aposta real nas camadas jovens, o bilhar do Boavista quer mais, sempre com o espírito da pantera bem vivo.
- Esta época foi repleta de conquistas: Campeonato Nacional, Taça de Portugal, como descreve este ciclo vitorioso e que fatores considera terem sido decisivos para este sucesso sustentado?
Quando cá cheguei e aceitei o desafio de agarrar o departamento encontrei diversas adversidades, desde a saída de atletas da época transata para outros clubes até a dificuldade de compor equipas com qualidade suficiente para a manutenção nos diversos escalões em que competimos. Conseguimos e só com este preambulo explicar esta época de conquistas. Passado este ano sabático começamos desde logo a projetar a época que veio a ser de facto de grandes conquistas, se me perguntar se ambicionávamos mais a resposta será também “Sim ambicionávamos”. Todo este trabalho só foi possível com o envolvimento de todos os jogadores, patrocinadores e estrutura diretiva que soube delinear cada passo, vencer adversidades e projetar o Boavista FC novamente para o mais alto patamar.
- O Boavista confirmou-se como uma das maiores referências nacionais na modalidade. Sentiu ao longo da época que havia uma mentalidade vencedora enraizada ou foi algo que foi construindo gradualmente?
Quando consegues juntar um grupo com alguns dos melhores praticantes da modalidade habituados a vencer, com espírito de salutar, conhecedores dos valores do Boavista, tens a mentalidade vencedora já enraizada e que de facto, é um aspecto bastante importante no alcance dos objetivos.
- Qual destes títulos teve para si um sabor mais especial, e porquê?
Todos têm um sabor especial e nenhum se destaca, porque em cada título, temos vivências diversas e estados de espírito diferentes que temos de encarar, tornando-nos melhores mais bem preparados e mais vencedores.
- Como é feita, internamente, a gestão das expectativas e da pressão, sabendo que o Boavista parte hoje para todas as provas como favorito?
O objetivo do Boavista é só um: A Vitória, para tal encaramos todos os adversários de forma séria nunca desvalorizando o valor de cada um. Gerir expectativas e pressão, é algo com que vamos aprendendo a lidar, em cada momento é obrigatório fazer “refresh”. Desenvolver hábitos ganhadores, é meio caminho andado para venceres.
- Como descreve a evolução das condições de treino e das instalações do bilhar no Boavista FC?
As condições de treino e as instalações que o clube consegue proporcionar são de fato notáveis, conseguimos albergar todas as variantes de Bilhar num só espaço e desconheço se mais algum clube o faz no panorama nacional. Tudo isto obriga a uma constante manutenção do material de jogo para satisfação dos atletas.
- O bilhar muitas vezes é visto como uma secção “discreta” dentro de grandes clubes. No caso do Boavista sente apoio institucional e uma valorização real dentro da estrutura global do clube?
Aos poucos vamos conseguindo o nosso espaço, obviamente gostaríamos de ter maior acompanhamento por parte dos associados, virem conhecer a nossa sala, os nossos jogos, viverem connosco as vitorias e que embora esta não seja uma modalidade de massas, sintam que de fato aqui se sente e se vive o Boavista Futebol Clube.
- Como funciona atualmente a vossa estrutura técnica nas equipas das diferentes variantes?
Levantando um bocadinho o véu, iremos avançar esta época com uma nova estrutura técnica por variante, otimizando tempo, recursos e efetuando maior acompanhamento no plano da formação que encaramos como uma aposta de futuro.
- Como pretende organizar a formação dentro da secção de bilhar do Boavista?
A formação no Boavista avançara formalmente esta época 25/26. Terá no seu corpo formativo atletas, alguns com provas dadas na modalidade. O plano formativo terá uma frequência de 2 a 3 tempos semanais em que os atletas, travarão conhecimento com todas as variantes. Será divido em escalões etários, nível e horas especificas, mas mais próximo de Setembro avançaremos com todos os detalhes.
- Na sua opinião, o que pode levar um jovem e os seus encarregados de educação a escolher o bilhar em detrimento de outras modalidades mais populares?
Os benefícios que o bilhar proporciona são inúmeros que vão desde a melhoria da postura corporal até ao estímulo, à socialização e companheirismo.
O Bilhar melhora a concentração, obriga o praticante a otimizar o controle e equilíbrio emocional, uma vez que a tensão e o stress não favorecem a concentração e a tranquilidade para a partida. A atenção é, pois, uma habilidade aprendida, construída nas relações e no sentido de pertencimento.
Desenvolver o foco exige práticas intencionais: rotina clara, ambientes organizados, estratégias que acolhem diferentes perfis.
Em diversos países o bilhar é bastante praticado em clubes, escolas e universidades, e em casos mais específicos, é usado como terapia nos centros de recuperação na prevenção de problemas musculares e de stress.
Em diversos países tal como a França, esta modalidade faz parte do currículo escolar para ajudar jovens e crianças na aprendizagem de algumas matérias, como Física (Efeitos e atrito), Geometria (Ângulos), Matemática (Cálculo), além de ajudar a combater a inibição, que como referido anteriormente, tratar-se de um jogo que estimula o companheirismo e a socialização, é também um jogo de estratégia.
Mais motivos poderiam ser elencados, mas o melhor será trazer o seu filho/a até nós.
- Vê já nos atletas mais jovens sinais de qualidade e potencial que garantam ao Boavista uma continuidade a médio prazo no topo?
Sim existem já alguns sinais nesse sentido, mas penso que agora com o projeto da Escola de Bilhar do Boavista a ser lançado, abrindo o bilhar à comunidade e com a abrangência que iremos dar ao mesmo, junto de entidades parceiras com certeza o futuro augura-se risonho.
- Após esta época histórica, o que ainda falta conquistar ou melhorar?
Há sempre a melhorar ano apos ano, analisar sempre a época finda, corrigir o que se fez menos bem, porque só assim poderemos caminhar cada vez mais para patamares de excelência, quer a nível nacional quer a nível internacional.
- Acredita que o bilhar poderá vir a ter uma interação ainda maior na Comunidade do Boavista FC?
É o nosso objetivo ser uma modalidade com cada vez maior preponderância dentro da comunidade do Boavista FC, a nossa massa adepta tem que começar a sentir mais o pulso as modalidades, entre as quais o Bilhar, porque mais importante do que os títulos que entregamos anualmente ao clube, é sentir o apoio e reconhecimento das nossas gentes.
- Se pudesse projetar o futuro do Bilhar no Boavista FC daqui a cinco anos, que imagem gostaria de ver concretizada?
Gostaria de ver um departamento de Bilhar do Boavista Futebol Clube, com uma posição consolidada no plano bilharístico nacional, com uma aposta nos jovens formados no clube, projetando-os internacionalmente na modalidade e nas diferentes variantes.
Emanuel Gavina, Obrigado
Vamos Pantera!