“Cheguei ao Boavista com 37 anos, joguei de xadrez ao peito durante cinco, e posso dizer, sem margem para qualquer dúvida, que este foi o clube que mais prazer e paixão tive em representar desde que cheguei a Portugal. O Boavista não é grande, é gigante, e jogar no Bessa é uma sensação indiscritível!
Durante estes cinco anos, vivemos muitas emoções; sofremos juntos, choramos juntos, mas também vibramos muitas vezes. E sempre juntos! É verdade que não conquistei nenhum troféu pelo Boavista, também não consegui nenhuma qualificação europeia. No entanto, posso afirmar, de coração cheio, que o meu maior troféu foi ter tido a oportunidade de representar este grande Clube. Que honra, meus amigos!
E como tudo na vida tem um começo e um fim, estou aqui para anunciar a minha despedida da carreira de jogador. Foram 24 anos a exercer uma profissão incrível. Quando olho para trás, vejo que o meu esforço, dedicação, profissionalismo e honestidade valeram a pena. Todos os momentos valeram a pena, cresci em todos!
Se calhar, até poderia continuar a jogar por mais um ou dois anos. Só que, durante a minha carreira, fui sempre – ou pelo menos tentei ser sempre – muito ponderado nas minhas decisões, e a verdade é que o meu coração, o meu corpo e a minha consciência dizem que chegou o momento de parar. Vou deixar de jogar, é verdade, mas continuarei ligado ao desporto que me deu tudo e ao Clube que conquistou o meu coração, o Boavista, ainda que no futuro com outras funções. Para já, no entanto, o meu foco está apenas no jogo com o Braga.
Neste momento tão especial, não poderia deixar de agradecer ao presidente Vítor Murta por toda a confiança depositada em mim desde o momento em que cheguei ao Boavista. O meu muito obrigado, Presidente! Também quero agradecer a toda a estrutura do Clube, nas mais diversas áreas, por todo o apoio e preocupação que sempre tiveram comigo e com a minha família, na certeza de que fizeram de mim um atleta melhor, mas, sobretudo, um homem melhor. Aos meus colegas de equipa, ex-colegas, treinadores… A todos, sem exceção, o meu muito obrigado!
Por fim, os meus adeptos, os adeptos do Boavista. Ao longo destes anos, criámos uma relação linda, de respeito, confiança, paixão, raça e de um querer sem igual. Ter o meu nome a ser cantado por vocês nas bancadas é algo inexplicável. Faltam-me as palavras, reconheço, porque não há adjetivos capazes de expressar tudo o que me vai na alma.
Pela minha forma de ser, pelo ADN único deste grande Clube e dos nossos adeptos, a sensação que tenho é que fui criado aqui, no Bessa, e joguei toda a minha vida no Boavista. Qualquer adjetivo que use para vos agradecer nunca será suficiente. Muito, mesmo MUITO OBRIGADO por tudo e por tanto! Gratidão eterna. Uma vez Pantera, para sempre Pantera!
Do vosso capitão,
Rafael Bracali”