

Rodolfo Silva, coordenador técnico do BTT no Boavista Futebol Clube
Com um legado desportivo de relevo, o Boavista Futebol Clube tem vindo a expandir-se para novas modalidades, apostando em projetos ambiciosos e estruturados.
A secção de BTT (bicicleta todo-o-terreno), sob a liderança de Rodolfo Silva desde o início de 2024, representa um desses projetos que, apesar de recente, já demonstra resultados expressivos e uma visão clara de futuro.
Nesta entrevista, Rodolfo Silva partilha o percurso evolutivo da modalidade dentro do clube, desde a sua reorganização estrutural até aos desafios logísticos e desportivos enfrentados. Destaca ainda a aposta na competição nacional e internacional, o rigor na captação de atletas, e os planos para o futuro, como a criação de uma escola de formação.
A conversa reflete a paixão, o profissionalismo e o espírito competitivo que definem esta nova etapa do BTT no Boavista FC, sublinhando a importância do apoio comunitário, da formação e da ambição em manter o clube entre os melhores a nível nacional.
- Como descreve a evolução do BTT no Boavista FC, desde que assumiu a coordenação técnica da modalidade?
Digamos que passamos de uma vertente regional, para uma vertente nacional. Um dos motivos que me fez abraçar este projeto, foi o facto do BTT do Boavista Futebol Clube não estar federado na Federação Portuguesa de Ciclismo na vertente de competição, ou seja, competíamos como individuais, algo que para mim era impensável. Obviamente que isso acarreta a obrigatoriedade de termos um treinador na equipa, para podermos competir e estarmos federados em competição, mas um Clube como o Boavista tem que estar nesse patamar, pois a grandeza e a história a isso obriga.
- Quais são os principais objetivos do clube em relação à modalidade de BTT para os próximos anos?
Entrei para a liderança deste projeto no primeiro trimestre de 2024, já a época estava em curso, pegando na modalidade do zero, sem atletas.
Basicamente, foi o ano zero, que serviu para contactar sponsors, parceiros e começando a formar a equipa para a presente época de 2025, com contactos a atletas e captações.
Consegui formar uma equipa com excelentes atletas, experientes, especialistas em várias distâncias e vertentes, seja no XCO, no XCM ou Endurance.
Os objetivos, tal como referi, deixaram de estar limitados a provas locais e abrimos o leque da competição pelo país todo, participando em diversos opens de XCO, Taças Regionais de XCM, provas internacionais, provas de endurance acima dos 750kms, e prevemos participar nos nacionais de XCM, XCO e Taça.
- Como é feito o processo de captação de novos atletas para o BTT no clube?
Antes do final de cada época desportiva, para além de contactarmos os atletas que temos referenciado ao longo da época, abrimos captações para todos aqueles que queiram integrar este projeto e representar o Boavista Futebol Clube, na vertente de competição em BTT. Avaliamos currículos, resultados, e decidimos de acordo com o valor individual de cada um.
- Quais são os principais critérios na seleção de atletas para integrar as equipas do Boavista FC?
Acima de tudo, experiência, currículo relevante e bom espírito de equipa, pois um dos pilares do BTT é o espírito de grupo e entreajuda.
Os atletas que integram a equipa, para além de vasta experiência e anos de BTT, têm vários títulos, alguns em europeus de resistência, outros em XCM, outros especialistas em provas acima de 1.000kms. Posso afirmar que temos uma equipa muito completa, recheada de bons valores e atletas com muita garra.
- Que estratégias utiliza para manter os atletas motivados e comprometidos com o projeto do clube?
Representar um Clube com quase 122 anos de história, é algo que não está ao alcance de todos. Aqui a camisola pesa muito, a responsabilidade está no patamar mais elevado e os atletas têm correspondido a esse nível de exigência. Têm obtido resultados fantásticos e estou muito satisfeito com o grupo que formei.
- O que distingue o projeto de BTT do Boavista FC de outros clubes e equipas da região?
Partimos em desvantagem para com a maioria das equipas da região, pois este é o nosso primeiro ano a este nível, mas considero que temos obtido excelentes resultados e temos correspondido ao exigido.
O projeto é um projeto a longo prazo, com várias metas e objetivos, que obedecem e estão sempre dependentes dos apoios que conseguimos trazer para a modalidade.
No entanto e independentemente de sermos rookies, considero que temos vantagem sobre todos os outros, pois somos o BOAVISTA, temos nome, história e grandeza!
- Como é feita a escolha das provas em que o clube participa a nível regional e nacional?
Com base nas características individuais de cada atleta e sua especialidade (XCO, XCM, Endurance, Gravel), são analisadas as provas e distribuídos os atletas em função disso mesmo. Estamos a competir em diversas frentes a nível nacional, distribuídos por várias provas e circuitos, e temos neste momento alguns atletas que já terminaram e venceram na categoria a taça regional de XCM, entre outros.
- Quais são os maiores desafios logísticos que enfrenta na organização das deslocações e participação nas provas?
Um dos maiores desafios logísticos que enfrentamos nas deslocações, é a falta de uma carrinha apropriada para o transporte das bicicletas e atletas. Todos os nossos carros particulares possuem barras no tejadilho para o transporte das bicicletas.
Uma das metas a longo prazo que falei anteriormente é a possibilidade no futuro de obtermos uma carrinha para esse efeito, seja por patrocínio, sponsorização ou doação de algum benemérito. Era uma ajuda fundamental.
- Existe um plano de desenvolvimento técnico individualizado para os atletas?
Não necessariamente de desenvolvimento técnico, mas temos atletas com avaliações desportivas frequentes ao nível de testes de Vo2max, de lactato, testes power performance decoder e com planos de treino rigorosos, pois a modalidade de BTT carece de muita disciplina e controlo de peso.
- Como avaliam o rendimento dos atletas ao longo da época e que métricas são mais relevantes?
Tal como referi anteriormente, alguns atletas têm treinador personalizado, com plano de treinos rigoroso e sujeitos a um conjunto de avaliações desportivas de performance.
- Que papel desempenham os familiares no apoio aos nossos atletas?
Os familiares são peça chave na modalidade de BTT, principalmente nas provas de endurance ou resistências, porque para além de funcionar como estímulo, são fundamentais na ajuda de troca frequente de bidons ou em fornecimento de suplementação nos pontos de abastecimento das provas.
- Que tipo de parcerias ou apoios externos são mais importantes para garantir a sustentabilidade da modalidade?
A modalidade de BTT depende diretamente dos apoios externos que consegue angariar para a época desportiva, pois para além de ser uma modalidade dispendiosa, visto o material ser de desgaste rápido, é fundamental ter apoios ao nível da mecânica, de acessórios, de suplementação e de equipamentos.
- Como vê o futuro do BTT no clube, tanto em termos de competição como de massificação da prática?
O projeto que tenho para o desenvolvimento da modalidade no Clube, é algo que carece sempre de apoios e investimento externo. Este é o nosso ano zero e temos tido resultados fantásticos, por isso, é dar continuidade ao sucesso e os resultados irão aparecer, assim como, o crescimento que estará sempre diretamente ligado aos resultados e à visibilidade que tivermos.
Este ano iniciamos a época desportiva com 12 atletas na competição, distribuídos por várias vertentes e para a próxima época contamos aumentar a equipa, mantendo os que cá estão. Temos tido alguns contactos de atletas que têm interesse em se juntar ao projeto, algo que irá acontecer no final do ano, com a abertura também de captações e avaliação de currículos.
- Há planos para criar uma escola de BTT ou programas de iniciação para atrair atletas mais jovens?
Sim, é um desejo antigo e uma meta que quero alcançar, pois a formação de jovens no BTT é essencial, no entanto, carece sempre de termos um espaço físico ao nível de terrenos para essa finalidade, pois treinador já temos.
Em breve irei iniciar contactos com algumas entidades para saber da possibilidade de nos cederem um terreno ou mato com alguns hectares para nós próprios construirmos uma pista de BTT para os jovens.
Rodolfo Silva, Obrigado
Vamos Pantera!