Começaste muito cedo no futebol, sempre soubeste que era o que querias? Ou há alguma outra área que também te cative?
Sim, comecei com 5 anos no Leixões. Na altura, eram apenas alguns encontros entre escolas de formação, sem haver posições específicas por ser demasiado prematuro. Aí via o futebol apenas como diversão e o que eu queria era jogar, independentemente da posição. Num desses encontros, o treinador mandou-me para a baliza, talvez pela minha elevada estatura. O que é certo, é que descobri que tinha jeito e a partir daí nunca mais joguei noutra posição.
Não me imagino noutra área diferente porque tenho uma enorme paixão pela baliza.
Como tem sido o teu primeiro ano de sénior?
O meu primeiro ano de sénior tem sido bastante enriquecedor. Sinto um enorme crescimento, não só a nível futebolistico como a nível mental.
Desde início fui muito bem recebido pelos meus companheiros, fizeram-me sentir como se já pertencesse ao grupo há muito tempo, por esse motivo a minha adaptação foi boa.
Que tipo de ensinamentos retiras por trabalhares com Guarda-Redes como Bracali e Helton, e por teres o Alfredo como treinador de GR?
Sem dúvida que os 3 são responsáveis pelo meu crescimento.
O Alfredo é um símbolo do clube e como tal, transmite não só os conhecimentos técnicos e táticos mas também caraterísticas que um guarda redes deve ter para ser o n°1 do Boavista.
O Bracali e o Helton são os dois muito bons, mas com características bastante diferentes. Para um jovem GR que vem da formação, foi bastante positivo porque consegui tirar os melhores conhecimentos de cada um o que me ajudou bastante no meu crescimento. Sempre que termino um exercício, eles estão sempre disponíveis para me corrigir e não temos rivalidade nenhuma entre nós, apenas trabalhamos para nos superarmos todos os dias.
Notas diferenças em ti (profissional e pessoalmente) desde que te juntaste à equipa principal?
Sem dúvida alguma que desde que cheguei à equipa principal que houve uma notória evolução, tanto a nível pessoal como a nível profissional. O grau de exigência é bastante elevado, o que obriga a que trabalhe sempre no máximo das minha capacidades e, por este motivo, quando vou dormir vou de consciência tranquila, pois sinto que fiz o que era possível fazer rumo ao objetivo.
Pessoalmente, tenho aprendido bastante pois tenho a sorte de ter no plantel companheiros bastante experientes e com carreiras brilhantes, como por exemplo o Ricardo Costa, que me tem ajudado bastante porque para mim é um exemplo a seguir e por isso me aconselho bastante com ele, o que me tem permitido um mais rápido amadurecimento.
Tens 19 anos, notas diferenças entre ti e os teus amigos que não praticam desporto ao mais alto nível?
Devido ao meu foco no meu objetivo não posso fazer o que os meus amigos fazem.
Não posso sair a noite, porque tenho que ter o rigor de me deitar cedo para respeitar o descanso do meu corpo para no dia seguinte estar bem no treino; não posso comer tudo o que me apetece, pois tenho de seguir à risca o plano que o nutricionista nos indica, para a minha recuperação ser mais rápida, para aumentar a massa muscular e para alcançar o meu objetivo.
No futebol ao mais alto nível todos os pormenores contam, se queres ser o que os outros não podem ser, tens de fazer o que os outros não fazem!
Estás há 4 anos no Boavista. Como caraterizas esse percurso?
Sem dúvida alguma que tem sido um percurso acima das expectativas! Vim de um clube de menor dimensão e quando cheguei tive de me adaptar a uma realidade diferente. Era um nível competitivo diferente do que eu estava habituado mas foi o sair da zona de conforto que resultou na minha evolução, e isso acabou por me motivar mais ainda e fez com que eu, de certa forma, trabalhasse ainda mais para contrariar as adversidades que foram aparecendo ao longo destes 4 anos. Foi muito positivo, para nós jovens, esta nova direção querer apostar na formação. Infelizmente, poucos clubes acreditam na formação e por isso muito jovens da minha idade, e com muita qualidade, abandonam o seu sonho.
Como descreverias a alguém o Boavista?
Sendo eu Boavisteiro, defino o Boavista como um dos mais importantes clubes nacionais
Conquistou 5 Taças de Portugal, 3 Supertaças e 1 campeonato, o que é sem dúvida um palmarés invejável.
O Boavistão é um clube com muito querer, muita garra, que luta sempre para vencer. Após uma derrota, é um sentimento inexplicável, como se de um luto se tratasse. O Boavista tem uma mística incrível estando sempre no topo dos clubes portugueses que mais espectadores tem no estádio. Um jogador à Boavista, carateriza-se por um jogador de muita raça e de mentalidade muito forte, daí as enormes conquistas ao longo da história do clube.
É muito fácil qualquer amante do futebol se apaixonar pelo Boavista.
Como tem sido este período de quarentena?
Neste período de quarentena tenho mantido a minha rotina diária, ou seja, acordo exatamente à mesma hora e treino à hora que costumávamos treinar. Faço da minha casa o Bessa e fazendo inclusive do meu pai o Mister Alfredo, utilizando o terraço, a garagem e o jardim para fazer treinos de GR e os treinos que a equipa técnica nos envia. Passo cerca de 2 horas a treinar, depois de almoço estudo as diversas áreas do guarda redes, vendo o que os melhores do mundo fazem desde o posicionamento que ocupam nas diversas situações do jogo, como atacam o espaço, a forma como abordam os vários tipos de lances, etc… Depois, costumo acompanhar uma série com a minha mãe, que se chama o Justiceiro, e vejo uma sozinho que se chama The English Game e também jogo FIFA online com os meus amigos.
Assim, com o meu tempo devidamente ocupado minimizo a ansiedade de voltar ao Bessa!